Velvet Underground...

Vieste dar-me um bocadinho de ti. Deste pouco, quase nada. Só mesmo um bocadinho. O resto, que tinhas para dar, ficou noutras ruas. Noutras casas. Noutras pessoas. Em todas as outras festas. Ou como diriam os Velvet Underground em pleno apogeu da Nico em: All tomorrow's parties.
E assim tive de te ter. Pouco. So um bocadinho. Assim tive de provar de ti. Pouco. Só um bocadinho. Pouco de ti ficou nos meus lençóis. Pouco de ti ficou em minha casa. Pouco de ti ficou nos meus livros e músicas. Pouco dti ficou nas minhas festas.
Não eram os teus olhos. Não era a tua boca. Não eras tu. Eu era eu. Eu fui eu. Despedidas em elevadores. Despedidas daqueles que não somos nós.
Já sabia. Soube logo. Quando olhei para ti quando estavas longe de mim. Vi tudo entre luzes de discoteca e as do nascer do dia. Vi tudo no carro para tua casa sem óculos escuros. Vi tudo até quando olhava para os outros. Os das paragens de autocarros que nada vêem. Despedi-me de ti naquele amanhecer. Não agora. Naquele amanhecer.
Despedi-me de ti. Da tua cama. Dos teus lençóis enquanto um carro amarelo me levava sozinho de volta a casa. (tenho saudades dos táxis verde e preto. Deviam ser obrigatórios) Sozinho não adormeci. Fumei cigarros. Acendi velas. Apaguei cigarros e apaguei velas. Tentei apagar-te de mim. Apagar-me de ti.

No meio do meu sonho voltei a falar contigo. A perguntar-te “porquês” e tu a responder “não sei” a todos. No meio do meu sonho ainda voltei a abraçar-te. No meio do meu sonho voltei a beijar-te como quem beija papel. Tocar-te como quem não tem mãos. E tu ali. Porquê? Não sabes quando passaste a ser ferro. Eu hei-de amar uma pedra.

And what costume shall the poor girl wear
To all tomorrow's parties
A hand-me-down dress from who knows where
To all tomorrow's parties
And where will she go and what shall she do
When midnight comes around
She'll turn once more to Sunday's clown
And cry behind the door

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